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Pensão por Morte: Filha Maior em União Estável Perde Direito ao Benefício após 21 Anos?

Pensão por Morte: Filha Maior em União Estável Perde Direito ao Benefício após 21 Anos? – 28/05/2024

Pensão por Morte: Uma Análise Detalhada e Atualizada

A decisão da 1ª Turma do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) de cancelar a pensão por morte temporária de uma filha maior em união estável repercutiu no cenário jurídico, gerando dúvidas e incertezas sobre os direitos de pensionistas nessa situação.

Para esclarecer o tema de forma abrangente e atualizada, este artigo aprofunda a análise da decisão, contextualizando-a com as legislações vigentes e precedentes jurisprudenciais.

Aspectos Relevantes da Decisão:

  • Base Legal: A pensão temporária em questão era regida pela Lei 3.373/1958, que concedia o benefício a filhas solteiras acima de 21 anos.
  • União Estável e Estado Civil: O tribunal reconheceu que a união estável configura estado civil, conforme entendimento consolidado na jurisprudência e no Código Civil Brasileiro (Art. 1.723).
  • Equiparação ao Casamento: A união estável equipara-se ao casamento para os fins legais, incluindo efeitos previdenciários (Art. 229 da Constituição Federal).
  • Perda do Requisito “Solteira”: Ao se unir em união estável, a autora deixou de atender ao requisito de ser “solteira”, extinguindo, portanto, o direito à pensão temporária.

Análise Detalhada e atualizada:

  • Norma Específica vs. Princípios Gerais: A Lei 3.373/1958 não menciona explicitamente a união estável como causa de perda da pensão. No entanto, o tribunal ponderou que a lei deve ser interpretada em consonância com os princípios e valores da ordem jurídica, incluindo a equiparação da união estável ao casamento.
  • Proteção da Família: A decisão considera a proteção da família como um dos fundamentos da República Federativa do Brasil (Art. 3º da Constituição Federal). Nesse sentido, reconhecer o direito à pensão para pensionistas em união estável poderia gerar distorções e comprometer a isonomia entre as diversas formas de família.
  • Precedentes Jurisprudenciais: O acórdão do TRF-1 está em linha com diversos precedentes jurisprudenciais de tribunais superiores, como o Superior Tribunal de Justiça (STJ) e o Supremo Tribunal Federal (STF).

Impactos da Decisão:

A decisão do TRF-1 tem impacto significativo para pensionistas em situação similar, podendo gerar a perda do benefício.

É importante destacar que cada caso possui suas particularidades e nuances, e a análise individualizada por um profissional especializado em direito previdenciário é fundamental para a correta avaliação dos direitos do pensionista.

Recomendações para Pensionistas em União Estável:

  • Buscar Orientação Jurídica: Consultar um advogado especializado em direito previdenciário é crucial para entender os direitos e obrigações específicos de cada caso, considerando as leis aplicáveis e os precedentes jurisprudenciais.
  • Analisar Documentação: Reunir toda a documentação referente à pensão, incluindo a certidão de óbito do instituidor do benefício, certidão de nascimento da pensionista, comprovantes de estado civil e demais documentos relevantes.
  • Manter-se Atualizado: Acompanhar as mudanças nas leis e decisões judiciais relacionadas à pensão por morte é essencial para garantir a defesa dos seus direitos.

Conclusão:

A decisão do TRF-1, embora gere incertezas para alguns pensionistas, visa promover a justiça e a igualdade no sistema previdenciário, reconhecendo a união estável como entidade familiar equiparada ao casamento para fins legais.

Ao buscar orientação jurídica especializada e se manter atualizado sobre as legislações e jurisprudências, os pensionistas em união estável podem garantir seus direitos e tomar decisões conscientes sobre o futuro da pensão.

Lembre-se: A informação contida neste artigo não constitui aconselhamento jurídico e não deve ser utilizada como base para tomar decisões.

Considerações Finais e Reflexões sobre o Futuro:

A decisão do TRF-1, embora controversa para alguns, abre espaço para um debate crucial sobre o papel da união estável no sistema previdenciário brasileiro.

É fundamental que essa discussão seja realizada de forma ampla e inclusiva, com a participação de diversos setores da sociedade, incluindo juristas, especialistas em previdência social, representantes de entidades de defesa dos direitos das mulheres e familiares de segurados falecidos.

Nesse contexto, o papel do Poder Judiciário é essencial para garantir a aplicação justa e imparcial da lei, assegurando os direitos dos pensionistas e promovendo a equidade no sistema previdenciário.

Ao mesmo tempo, o Congresso Nacional detém a prerrogativa de aprimorar a legislação vigente, adequando-a à realidade social contemporânea e às demandas da população.

A busca por soluções justas e equilibradas para os pensionistas em união estável deve ser um compromisso de todos os atores envolvidos.

Somente através do diálogo e da construção coletiva de soluções é possível garantir a proteção dos direitos previdenciários e a promoção da justiça social para todos os cidadãos brasileiros.

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